sábado, 5 de maio de 2012

Quem quer casa, cansa...




Acordei com coceira para escrever. Azar de quem acordou com coceira para ler.
Se a boca é o órgão excretor do cérebro, esse blog é meu vaso sanitário, porém o botão da descarga está aos seus dedos, caro leitor. Portanto que se dê vazão às coceiras até que a descarga decida a hora de parar...

Direto ao ponto: quero minha casa própria casa.

Já sei, recebi de Jesus moradia eterna de alto padrão, terraço gourmet com vista para a terra, no condomínio Portais das Oliveiras. Mas quem liga pra coisas eternas?

Parafraseando meu caro Gerson Borges, voltemos ao chão das coisas, às coisas do chão, ao chão de porcelanato, laminado, cerâmica, iluminado.

Mas a coceira começa antes, muito antes do chão.

Visitar um apartamento usado pode parecer um passeio no circo. Até me divirto com corretores e proprietários mágicos, malabaristas e domadores. E olha que o palhaço nem sempre é o comprador. Só um artista consegue fazer de um simples varal um atrativo para sua casa... “tudo o que você está vendo fica, inclusive o varal!!!”

Depois de 318 bons dias, boas tardes e boas noites, finalmente o castelo é escolhido.

Xerox autenticado reconhecido firmado autorizado e coberto com delicioso chocolate nestlé de todos os papéis que um dia receberam minha assinatura. Aquela lista interminável e confusa de documentos com queijomolhoespecialcebolapiclesnopãocomgergelim. O cardápio é tão grande que só com ajuda do garçom, ou melhor, do documentista, pra fechar o pedido.

Estou conhecendo o ITBI – Imposto Tirado do Bolso dos Idiotas. Oh patria amada, mãe gentil, não da pra me livrar dessa? Prometo que pago os outros 318 impostos... (ou os 318 que vão me ajudar a me livrar deles)

O contrato é algo tão simples e claro quanto a mente das mulheres. Cheios de caput, data vênia, anticrese, acórdão, enfiteuse, usocapião, tornam-se uma agradável leitura até para os menos apaixonados por Machado de Assis.

Cuidadosamente tirado do bolso o escorpião, cospe-se a entrada e engole-se 318 parcelas mensais para o resto de sua vida, afinal é o barracobículo dos seus sonhos que está em jogo.

Agora, de fato, voltamos às coisas do chão. Coça daqui, coça de lá, não sei o que faço, compro arroz ou argamassa? Feijão ou porcelanato? Essa coceira da casa tá me dando uma coça.

Com 318 centavos que sobraram no fim do mês, vou relaxar com minha esposa no terraço gourmet do nosso apErtamento, assando um bifinho de 10x5 cm pra cada (um de cada vez, é o que cabe na churraquinha).

Pra quem ainda não deu descarga, segure mais um pouco. Comprar a casa própria não precisa ser o Triste Fim de Seu Policarpo e Dona Quaresma.

Quem disse que gessos, janelas e pisos tem que causar gastrite? Não se precisa nem de 318 centavos para comprar 318 beijos apaixonados que curam qualquer preocupação.

A alegria não está nas coisas do chão, da parede, da sacada. Mas sim nas coisas do …. coração. Eu sei, bem piegas, você já tinha completado antes de eu escrever. Mas não dê descarga, porque antes que se diga trezentosedezoito, o chão já se foi, e para onde foi tanta preocupação, para onde foi a vida?

A vida não se constrói com tijolo e cimento. Vida se constrói com vida, com o autor da vida.
Mais importante mesmo é pensar em coisas eternas do que coisas que passam em 318 segundos.

Depois que o chão se for, seus 318 tijolos vão ficar não sei pra quem, e pra onde você vai? E mais importante, perto de quem você vai ficar?

Tem alguém que quer morar em você hoje para que você more com Ele quando o chão se for.

“Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar.” - Jesus

Minha coceira de escrever passou, até a coceira da cassa própria, agora falta a da casa eterna...

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Dependência ou Morte aos Estrangeiros...




07 de Setembro, 1822
Acreditando em Joaquim Osório Duque Estrada, o mesmo que chamou o Brasil de “mãe gentil”, foi próximo às margens plácidas do rio Ipiranga que nesta data foi ouvido o brado retumbante de D. Pedro I: “Independência ou Morte”.

07 de Setembro, 2011
Sem nenhuma testemunha ocular, do sofá da sala de minha casa, enquanto o sol se levanta, falo baixinho pra não acordar minha esposa: “Dependência ou Morte aos Estrangeiros...”

Depois de me incomodar com algumas reflexões cheguei a essa frase: “Dependência ou Morte aos Estrangeiros...”

Não me confunda com Lars Von Trier, e sua piada de mal gosto “Entendo Hitler”. A ideia aqui é outra.

Por que “Dependência”? E que raio de “estrangeiros” são esses?

Vou começar de trás pra frente, de estrangeiro a dependente, sem medo de passar pela morte.

Estrangeiro que sente saudade da sua pátria, que sonha em rever sua casa. Sabe que está de passagem, pois breve é a viagem. Como Dorothy, repete a si mesmo: “Não há lugar como o lar!”
Mas este lar fica “over the rainbow”, céu azul, onde problemas são como balas de limão, e o estrageiro anseia encontrar o grande mágico não para ir embora, mas para morar com ele, viver como filho dele. Eis aí os “estrangeiros”, pessoas limitadas saudosas daquele que é ilimitado, segundo Jó, pessoas que seguem vivendo uma breve peregrinação entre dois momentos de nudez (o nascimento e a morte).

Uma vez claro quem são os estrangeiros (com os quais insisto me assemelhar), vejo para eles duas boas opções: dependência ou morte. Explicação rápida e direta, mas com palavras emprestadas do estrangeiro Paulo:

“Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro”.


segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dia da mulher atrasado!

Estava limpando o HD e achei um textinho que escrevi ha muitos anos para as mulheres...

Dia das mulheres, 8 de marco de 2000 e qualquer coisa...



Nesse dia internacional da mulher quero fazer uma homenagem a uma linda mulher! 
Lurdes dedicou mais de 20 anos da sua vida pra servir minha família. Mas ela foi linda não por isso... 
Foi linda porque foi muito além... foi mais que o normal sem ninguém pedir... foi amiga, companheira fiel, 
mãe, enfermeira... e colocava delícias na nossa mesa... 
Pegava sua bicicleta e pedalava kilômetros todos os dias pra nos acordar... ficava até mais tarde fazendo bolinhos de chuva... fomos privilegiados... 
Tirava forças não sei de onde pra deixar tudo um brinco... essa mulher parecia um touro...hehehe... como um super-herói... 
Ela também brigava, disciplinava, corrigia... ensinava a molecada... 
Orava por nós todo dia... ia trabalhando e cantando... entre fogões e assovios... 
Fazia tudo com muito bom humor (nem sempre...hehehe) 
Assistia Incrível Hulk e Scooby Doo do meu lado... brincávamos no parquinho... no chapéu mexicano... 
tomávamos sorvete... íamos passear na cidade... 
Ela me ensinou a limpar o banheiro, varrer o chão, lavar o quintal... coisas tão importantes na vida... coisas que as pessoas não aprendem mais... 
Quanto a Lurdes cobrou por tudo isso que fez a mais? Nada... Foi linda porque demonstrou todo amor que podia... porque se entregou para nós... fez o que Jesus manda a gente fazer... 
Lurdes, mais uma vez obrigado por tudo! Eu falei tão pouquinho por tudo o que você fez... 
Mulheres, vocês podem ser muito lindas... deixem um pouco de lado todo o esforço pra ter aquele corpinho perfeito e se esforcem para serem um pouco parecidas com a Lurdes, essa linda mulher!!! Feliz dia das mulheres!!! Parabéns pra todas vcs!!! 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Mimosa, Leite e Missões...



Basta parar por alguns instantes que minha mente começa a divagar sobre qualquer coisa que apareça na minha frente, por exemplo, a caixa de leite.
Isso mesmo, a caixa de leite “integral” que está sobre a mesa. Este termo “integral” me faz pensar que essa água esbranquiçada na minha caneca deveria se parecer mais com o néctar que flui das glândulas mamárias de Mimosa. O que me remete a outro assunto que volta e meia parece estar na moda no meio evangelical, a tal da “missão integral” (rimou)!

Aviso aos navegantes: “missão integral” é um termo que tem sido utilizado no meio evangélico para se referir a uma maneira mais “completa” de evangelismo. Meu amigo Cláudio Elivan, especialista no assunto, que me corrija nos comentários deste post, mas parece-me que esse termo vem do Pacto de Lausanne, firmado na cidade de Lausanne (Suiça) em 1974 no que seria o primeiro congresso evangélico mundial de evangelização, e significa que, no evangelismo, não basta alimentar o espírito, mas é necessário abranger também o material, o social, a política, a educação, ou seja, deve promover a inclusão social. Isso, claro, sem perder de vista a ideia de que, ao invés de prender o indivíduo a uma instituição através de cestas básicas, deve-se lhe dar condições de, com dignidade, conquistar a liberdade de garantir seu sustento. O lema é “O evangelho todo ao homem todo”. Um dos textos bíblicos utilizados encontra-se em Lucas 4:18-19: “Enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor.”

Encerrado o momento Enciclopédia Barsa, voltemos à vaca fria, ou melhor, à querida Mimosa.
O que tenho visto pelas igrejas evangélicas se parece muito mais com minha caixa de leite do que com o The Original Mimosa's Milk.
Vejamos aqui apenas algumas papagaiadas comuns na Gospelândia que fazem o néctar ficar tão aguado: Você é tradicional ou pentecostal? Você bate ou não bate palma? Você usa saia ou calça? Você usa o Cantor Cristão ou a Harpa Cristã? Você lê a bíblia em pé ou sentado? Vire para a pessoa que está do seu lado e diga (preencher com qualquer baboseira + um sorriso amarelo). Dai (troque aqui o sentido de perdão por dinheiro), e dar-se-vos-á; boa medida, recalcada, transbordante... O quêêêê? Você usa piercing? E, pra não fugir do nosso assunto, você é a favor ou contra a “missão integral”?

Sinto que também tenho direito a meu momento herege, e queria acrescentar um versículo na minha Bíblia: “Voltemos todos ao leitinho gostoso e saudável da querida Mimosa!” (Thiagozias 1:1).
O que quero dizer é: Voltemos ao principal, ao básico puro e simples do amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Sem abobrices, aquele que tem dois casacos, reparta com o que não tem. Aquele que quiser ganhar sua vida vai perdê-la, mas quem perder a vida por causa deste evangelho, vai salvá-la. Faça discípulos deste Jesus em todos os lugares, batizando-os no nome dEle.

Farto destes penduricalhos eclesiásticos que exibem fumaças de cristianismo, proponho que de uma vez por todas joguemos essa caixinha de leite miserável na lata de lixo! Yes!

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Saudade do Pai...


Quando a segurança da familia se foi, quando a segurança do dinheiro não existia, quando não havia ombro amigo e a solidão tomava conta, eu segurava uma das mãos do Senhor, enquanto a outra enxugava minhas lágrimas.
Entendi o que quer dizer: Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte não temeria mal algum. Porque segurei na mão do Senhor.
Mesmo quando Deus dizia não, ele continuava a segurar minha mão.
Depois que o período de estiagem passou e as tempestades cessaram, confesso, não ando muito de mãos dadas. As lágrimas já não caem sempre. Pensando nisso escrevi, outro dia, essas palavras:


Mas hoje bateu uma saudade de quando o medo brotava, e Ele me abraçava.
Saudade não do medo, mas do abrigo, do ombro amigo, da frase de carinho, daquilo que sente o passarinho que longe do ninho, encontra o alimento no caminho, nas mãos do Pai que o criou.
Saudade não da tempestade, mas da voz que acalma, que traz paz a alma, que ordena às ondas que se vão deitar.
Não é do deserto que eu sinto falta, mas depois de uma noite fria, pela manhã o cheiro do maná.
Não sinto falta da prisão, mas da companhia na solidão, que libertava meu coração.
Saudade não tenho da morte, mas da esperança que vem da lembrança da cruz do calvário.
Que saudade de me aquietar e mais uma vez experimentar que Ele é Deus.

terça-feira, 17 de maio de 2011

De volta aos embalos de sábado de manhã...


Ultimamente eu tenho redescoberto algo que era comum na minha infância. Acordar bem cedinho aos sábados.
Por que um garoto de 11 anos saltaria da cama as 6h30 de um sabado, faça chuva ou faça sol? Na verdade eu era apenas um de um exército de moleques que estacionavam suas bicicletas em frente à locadora de video game 1 hora antes das portas se abrirem. Pelo vidro tentávamos localizar os cartuchos que estavam disponíveis e ninguém que ia se aproximando arredava o pé para não perder a posição privilegiada no “pega pra capar”.
Outro dia eu fiquei sabendo que na corrida de cachorros, o momento que antecede a largada é a morte, aqueles bichinhos bem magrinhos ficam desesperados pra que seja dada a largada. Era bem essa cena daquele punhado de bichos amontoados em frente àquela porta dupla de vidro, a maioria entre 35 e 50 kilos. Não raro alguém tropeçava no momento da largada e o que era confusão acabava em acidente.
Mas tudo isso valia muito a pena. O troféu seria curtir durante todo o fim de semana o joguinho tão desejado.
Hoje tenho descoberto outros prêmios, embora ainda goste de video-games. A beleza do céu quando o sol desponta. O silêncio da vizinhança que ainda dorme e os carros na garagem, permitem que sobressaia o canto do bem-te-vi com outros passarinhos que eu não ouvia há muito tempo e até mesmo um galo no meio da selva de prédios do nosso bairro em São Caetano. Na padaria não vou encontrar aquele emaranhado de gente se empurrando, dá até pra bater um breve papo com o pessoal do balcão, como a gente fazia lá no interior. Mas o melhor de tudo é a falta do que fazer. Honestamente, o silêncio libera espaço na minha mente, é como passar o limpador de HD no computador, tirar a sujeira, limpar a poeira do dia a dia que faz minha mente patinar sem sair do lugar.
Estou descobrindo que, dentro da realidade do meu cotidiano, essa tem sido a melhor condição pra eu conversar com Deus. É quando eu paro a minha vida e estou mais disponível pra Ele. É vergonhoso imaginar um servo que não pode estar sempre disponível ao seu Senhor, sendo que Ele está pronto pra me ouvir mesmo enquanto eu durmo. Tenho tanto para mudar... tanto para aprender...
Ontem, fui passear com minha esposa e paramos num museu. Entrando num conjunto de salas escuras observamos imagens belíssimas do universo, fotos de satélites incrivelmente lindas, relembrando um pouco a imensidão que existe do lado de fora do nosso planeta. Deus é o máximo, e a gente aqui querendo fazer umas musiquinhas pra Ele. Como meu sogro dizia, somos como aquelas criancinhas que fazem um monte de rabiscos coloridos numa folha e dão de presente para o pai. Mas que bom saber que o Pai guarda esse garrancho com amor profundo.
A salvação é de graça, mas a santificação tem preço. O “garrancho” que fazemos na quietude é a única coisa que podemos oferecer a Deus. Não é cantar e tocar, mas a nossa vida, nosso íntimo, nosso tempo. É parar o restante das coisas para conhecer Deus, entrevistá-lo, contemplá-lo, segui-lo.
O que uma criança mais precisa e mais quer não são brinquedos e presentes, mas a presença dos pais. Nada do que o Pai possa me dar é melhor do que a Sua presença comigo no sofá sábado de manhã. Sua presença liberta, tira o medo, traz a alegria, enche-me de vida.
Nessas manhãs de sábado estou experimentando o pão quentinho do céu. Estou ganhando o melhor cartucho que não serve só para um fim de semana, mas para a vida toda, e cada dia vai ficando mais interessante.

domingo, 15 de maio de 2011

Memórias Aeroportuárias em Joinville...


Fato ocorrido há alguns dias atrás...


Depois do inquietante atraso no vôo de são paulo pela manhã e após um tedioso e molhado dia de trabalho, cá estou sentado no café do Aeroporto de Joinville tentando adoçar com chocolate catarinense, mais duas horas amargas longe da minha cara-metade.
Pra esquecer a ressaca da dobradinha TAM+GOL num dia só, saquei o netbook pra dedilhar desabafos.
Incrível que enquanto os dedos cospem, me vem a lembrança, de maneira inusitada, um mico de mais de uma década, que já a quase uma década também não me vinha à memória:

Naquele quintal almoçávamos na véspera do casamento do meu amado pai, de tão feliz, parecia estar indo pra Disney. As mesas e as duas famílias espalhadas, conhecendo-se um pouco mais, fervilhando em conversas de assuntos mais variados, enquanto a churrasqueira fumaceava o ambiente.
No meio de todo esse burburinho, acontece minha entrada triunfal com um desnecessário arroto retumbante. Percebi então a falta de assunto de nossa família, com o silêncio sepulcral que veio em seguida e os olhares metralhando este que ainda era um guri completando seus 20 anos. Senti, como em poucas vezes, no meio daquele minuto de silêncio em minha homenagem, o desejo incontrolável de me teletransportar para Kuala Lumpur ou Nagazaki, o que for mais distante.

Chega de papagaiar desventuras juvenis. De volta ao planeta dos portões de embarque, por cerca de 15 minutos que pareceram 150, um barulho de grilo de celular irritante saltita em minha cabeça. Por que um gringo tem que desfilar com um grilo aifônico (proveniente de iphone) por tanto tempo, com cara de quem está aprendendo a soletrar seu próprio nome depois de 60 anos?

Por mais estranho que pareça, tudo que eu queria era ver o teco-teco da GOL aterrisando. Não agüento mais suar nessa bota-de-olhar-motor. E o sonho de chegar em casa, a cada pedaço de chocolate parece mais o sonho de ganhar a libertadores para um corinthiano.

A GOL se acha a Cláudia Leite. É um atraso tão pop que funciona assim: vou ter um compromisso às 10, então marco um voo das 6 que sai às 8.
Pois é, o pop não poupa ninguém...